O culto e a devoção a Nossa Senhora de Nazaré é algo que transcende as fronteiras e vai além mar para todas as partes do mundo, em especial em Belém do Para (Brasil). A relação que os paraenses possuem com a devoção à Virgem de Nazaré é uma ligação filial que está intimamente ligada ao sentimento do amor filial que cada indivíduo desta parte do mundo sente, não apenas no aspecto religioso, mas principalmente no sentimento de ligação à cultura e à tradição de um povo que cria e criou tal história nesta parte da Amazónia.

Apesar de ser em outubro o Círio de Nazaré, a tradição herdada pelos portugueses em Belém, não está presente apenas nesta parte do ano na vida de cada um dos habitantes de Belém, particularmente falando, vivemos todos os dias sob a égide e a lembrança que esta cidade respira e vive uma das maiores manifestações dedicadas à Virgem de Nazaré no mundo, e sentir que fazemos parte desta grande corrente que se iniciou em Nazaré, Portugal, nos trás um sentimento familiar e pertencimento a esta grande família, que por este bem comum nos lembra os ensinamentos cristãos e o respeito na grande oportunidade de vivermos em humanidade.

Olhar ao culto a Nazaré, não é apenas vivenciar experiências religiosas, mas mostrar a identidade cultural de um povo que adota para si uma filosofia de vida, não apenas relacionada a uma fé, mas uma determinação de como se viver e o quanto isso influência em cada um de nós e em nosso comportamento na vida social.

É evidente que saber e sentir a vida nazarena em nosso cotidiano, não é apenas o único delimitador para todo o comportamento que venhamos a ter em sociedade, ao contrário é um dos grandes aspectos que nos fazem ter e vivenciar a identidade de uma cultura e a particularidade de um povo, o Círio de Nazaré em Belém, ou os Círios em Nazaré de Portugal, mostram a vocação pelo coletivo pela sensibilidade de uma fé, mas acima de tudo por um objetivo claro de sermos e termos em nosso amago uma disposição pelo ideal de uma cultura que o ocidente leva como sua principal forma de justificar e elevar princípios de altruísmo e cooperativismo social.

Preservar tal ideia ou identidade desta cultura não é apenas um objetivo para aqueles que vivenciam e a fomentam, mas uma obrigação, que deve acima de tudo elevar nos corações dos envolvidos uma forma de perpetuar e garantir para as futuras gerações sua importância e demonstrar o quanto significativo e fundamental trouxe para a formação do que somos e de como levamos estes ideias para a vida em sociedade e a evolução desta para um equilíbrio entre os pares em uma vida justa e equilibrada.

Bruno Chagas, Secretário Adjunto de Cultura do Governo do Pará, Coordenador da Candidatura das Práticas e Manifestações do Culto de Nossa Senhora da Nazaré no Estado do Pará, Brasil