DATAS E EFEMÉRIDES EM PORTUGAL. UMA PROPOSTA CRONOLÓGICA

Nota: Esta cronologia está em desenvolvimento e reflete nesta fase sobretudo a história do Santuário berço da tradição, em Portugal.

A memória do culto da Nossa Senhora da Nazaré perde-se na bruma da lenda e terá origem nos próprios primórdios do Cristianismo, atravessando a ascensão e queda do Império Romano, os reinos visigóticos, a fundação de Portugal toda a história independente do nosso país e expandido pelas antigas colónias. Em termos de ciência histórica, é possível traçar uma continuidade documentada desde o Século XIV, altura em que o culto da Santa Maria da Nazaré começou a ser efetivamente registado e assumir proporções de facto históricas, expandindo-se como culto ultramarino na sequência da expansão quinhentista e pela mão sobretudo dos missionários Jesuítas e, em menor medida pois tratou-se sobretudo de um culto régio, dos religiosos e eruditos de Cister, uma vez que a localidade da Pederneira pertencia aos coutos de Alcobaça.

Mas foi apenas a partir de inícios do século XVII que a tradição casou definitivamente com a lenda, assumindo também foros de patriotismo fundacional, sobretudo com os relatos de cronistas importantes como Frei Bernardo de Brito e Padre Manuel de Brito Alão, que desenvolveram a história do milagre de Fuas Roupinho, associando-a ao culto como hoje popularmente se conhece.

Entre mitos e factos, podemos tentar estabelecer a seguinte cronologia desta Fé.

Séc. I – Na primeira metade do século, o próprio São José terá esculpido a Imagem da Senhora em madeira, na Nazaré da Galileia, na presença da Mãe de Cristo. Segundo este relato, São Lucas terá pintado o ícone.

Séc. IV – Devido a perseguições religiosas, a Imagem foi levada do Médio Oriente para a Península Ibérica, para o mosteiro de Cauliniana, próximo de Mérida, por um monge grego, de nome Ciríaco, onde permaneceu até às invasões árabes. Outras fontes acrescentam outros itinerários para a Imagem, nomeadamente a narrativa abraçada pela Confraria que ainda hoje tutela o Santuário: «No século IV a Imagem encontrava-se na posse do monge grego Ciríaco que a colocou sob a protecção de São Jerónimo, sendo posteriormente aconselhado por este a levá-la para África, para a entregar a Santo Agostinho, bispo de Hipona. Foi Santo Agostinho quem trouxe a Venerável Imagem para a Península Ibérica oferecendo-a ao Mosteiro de Cauliniana, situado na região de Mérida, Espanha, realizando aí muitos milagres. A Virgem de Nazaré permaneceu no dito Mosteiro até ao século VIII, aquando da conquista da Península pelos Mouros»

711 – Batalha de Guadalete. Este confronto decisivo entre Mouros e Cristãos marcou o fim do Reino Visigótico e o início do domínio muçulmano na Península Ibérica. Rodrigo, o «último rei dos Godos», terá morrido nesta batalha, mas segundo a Lenda da Nazaré conseguiu escapar sozinho, disfarçado de mendigo e refugiou-se no Mosteiro de Cauliniana (ou Cauliana, já não existente), nas proximidades de Mérida, região do Guadiana.

714, 22 de novembro – Face à crescente ameaça muçulmana que se espalhava pela ibéria, D. Rodrigo e o Monte D. Romano fugiram para o litoral oeste carregando algumas relíquias, entre elas a Imagem da Senhora da Nazaré. «Chegaram em 22 de Novembro de 714 ao actual monte de São Bartolomeu, próximo da Pederneira. Algum tempo mais tarde, o rei e o monge separaram-se, tendo o primeiro permanecido no mesmo local e o segundo levado a Imagem da Virgem e as relíquias para um monte vizinho. Aí, Frei Romano, para se abrigar, construiu um pequeno nicho entre rochedos. Os dois eremitas comunicavam diariamente por sinais de fogo, até que o falecimento do monge impediu o relacionamento convencionado. Imerso em tristeza, D. Rodrigo resolveu partir para Norte e, desse modo, a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré permaneceu, durante séculos, ignorada, na pequena lapa construída por Frei Romano, no promontório do actual Sítio.», PENTEADO, Pedro, Peregrinos da Memória. O Santuário de Nossa Senhora da Nazaré 1600 – 1785, Lisboa: Centro de Estudos de História Religiosa da U.C.P, 1998, p. 97.

1179 – Alguns pastores que vagueavam pelos matos do Sítio com os seus rebanhos descobriram a Imagem. A notícia espalhou-se, passando a ser local de veneração das populações daquela região. No século XII já existia nas proximidades a vila da Pederneira – denominada então Seno Petronero, que significa Golfo da Pederneira -, bem como ocupações religiosas como São Gião, que tudo indica remontar ao período de expansão galaico-asturiano e da Reconquista (posterior ao período Visigótico). «Na origem, a Pederneira foi uma das catorze vilas dos coutos de Alcobaça, datando a primeira notícia acerca da sua existência do reinado de D. Sancho I, em documento onde o monarca condenou algumas atitudes menos próprias por parte dos habitantes da localidade contra o prior do mosteiro cisterciense, que detinha a tutela sobre o território» (fonte). A Pederneira era também o principal porto de mar do couto alcobacense, por onde se escoavam produtos importantes como as madeiras dos pinhais reais ou monásticos ou sal.

1182, 14 de setembro – Neste dia o nevoeiro era cerrado e o alcaide de Porto de Mós, D. Fuas Roupinho, andava em caçada naquelas paragens. Socorremo-nos, novamente do historiador Pedro Penteado, que tem vasta obra sobre este culto: «Insiste a tradição que num dia de névoa, em 14 de Setembro de 1182, o cavaleiro foi atraído por um veado em direcção à morte, no alto promontório do Sítio. No momento em que o cavalo chegava ao extremo do rochedo, prestes a lançar-se no abismo, o cavaleiro evocou a Virgem, lembrando a sua Imagem, depositada ali próximo, na pequena lapa. Imediatamente, o cavalo estacou a marcha e, por milagre, D. Fuas pôde salvar-se do eminente perigo. Em sinal de agradecimento, o cavaleiro doou aquele território à Senhora de Nazaré e mandou ali erguer uma ermida para guardar a sua Imagem. Atraídos pela fama do milagre, vieram os primeiros peregrinos, entre os quais D. Afonso Henriques e muitos homens da sua Corte.». A partir desta data, o culto da Senhora da Nazaré passou a ser também protegido pela monarquia portuguesa, com sucessivos monarcas a prestarem homenagem e patrocínio; edificação da Ermida da Memória original.

1282 – Paredes (Paredes da Vitória) teve foral em 1282, por D. Dinis, incrementando o povoamento daquela zona costeira.

1377, 5 de agosto – Transladação da imagem de Nossa Senhora da capela da Memória para o Santuário; D. Fernando foi em peregrinação à Imagem de Santa Maria da Nazaré, mandando construir uma capela maior e mais resistente às intempéries, que se inaugurou a 5 de Agosto daquele ano. Este rei dotaria ainda o Santuário com sacerdotes e intercedeu junto do Santo Padre, que emitiu uma bula concedendo indulgências a todos os peregrinos que o visitassem.

1383 – D. João I mandou edificar alpendres para abrigo dos romeiros.

Séc. XV – O Sítio é um local ermo e inóspito, constituído pelos locais de culto mariano, casas do ermitão e os terrenos incultos em redor do Santuário, hospedando-se os peregrinos na Pederneira; o culto é promovido por uma Confraria, composta sobretudo de homens leigos da Pederneira, tornando-se aos poucos livre do domínio de Alcobaça, passando a ser um culto mais sob tutela do poder político régio; o Santuário é visitado por peregrinos de diferentes estratos sociais, incluindo reis, rainhas e altos prelados.

1481 – Construção da antiga capela-mor “sob novos alicerces de mais sólida construção”, com o patrocínio de D. João II.

Séc. XVI – A Senhora já usava vestidos e ornamentos próprios; D. Manuel manda construir os alpendres da Igreja; O porto de abrigo natural de Paredes assoreou e a sua comunidade piscatória deslocou-se para a Pederneira, abrigando-se na Lagoa.

1514 – D. Manuel I emite o foral concelhio da Pederneira.

1519 – O rei manda o ouvidor dos coutos, Álvaro Martins, fazer o inventário dos bens da Igreja e aprovar as contas da Confraria e Casa da Senhora.

1520 – Visita da rainha D. Leonor.

1557 a 1578 – Construído o Forte da Nazaré ou Forte São Miguel Arcanjo, no reinado de D. Sebastião, para defesa sobretudo do povoado da Pederneira, assolado por corsários e piratas argelinos, holandeses e franceses e sendo já um dos principais pontos de escoamento da madeira do Pinhal de Leiria, para as caravelas e naus do esforço marítimo português.

1569 – D. Sebastião terá visitado o Sítio, confirmando o contrato entre a Confraria de Nossa Senhora e o vigário e beneficiados da Igreja Matriz da Pederneira, que estabelece o seu estatuto de capelães do Santuário. Será também nesta altura que o jovem monarca assumiria a Ermida da Senhora como templo de sua imediata proteção e sob jurisdição régia.

1593 – A partir desta data, a população deposita na praia as suas grandes embarcações, que então já não podem procurar refúgio no porto interior da lagoa da Pederneira, entretanto bastante assoreada.

Séc. XVI, finais – O culto é assegurado pelo vigário e beneficiados da Igreja da Pederneira, apoiados por um ermitão.

1600 – Após visita ao Santuário, Frei Bernardo de Brito divulga a história do cavaleiro salvo milagrosamente pela intervenção da Senhora, levando ao acréscimo de peregrinos; O monge cisterciense visita o Sítio, manda desentulhar a gruta existente na Ermida da Memória e transformou-a em local de culto, expandindo o Santuário. Conta o próprio, na sua obra Monarchia Lusitana: “(…) na ermida antiga fudada por dom Fuas, procurey eu cõ socorro de algus deuotos q se abrisse debaixo do chão outra capella pera ficar descuberto o mesmo rochedo, & lapa em que a Santa Imagem estiuera escondida tanto número de ãnos, & se dece a ella por oyto, ate dez degraos, cõ notavel cõsolação de que contepla a grãde antiguidade daquele santuario. E porque senão perdesse a memoria das cousas tão notaueis, cõpus hum letreiro, em que brevemete se reconta tudo, & o mandou esculpir em marmore o Doutor Rui Lourenço, Prouedor então da comarca de Leyria, & Visitador por elRey da mesma Igreia (…)”. O letreiro de que fala o monge acabou por ser o primeiro testemunho escrito da narrativa lendária a partir da tradição oral medieval, que une São José, D. Rodrigo, Fuas Roupinho e a fundação de um país que se queria cristão e devoto.

Séc. XVII, início – O Sítio passa a ter condições para alojar os visitantes; a área mais próxima do templo separa-se da restante por um longo muro, adossado à sacristia e à capela-mor, perto da qual fica a casa que aloja os clérigos visitantes, tendo ainda no interior do pátio, entre outras, as casas para os romeiros e os paços com as suas lojas; apenas o ermitão e o administrador têm residência próxima do Santuário; a Igreja tem muros fendidos, o teto escorado e a ameaçar ruir.

1608, Julho – D. Filipe II faz mercê do cargo de administrador ao Pe. Manuel de Brito Alão; este queixa-se que é muito necessário “para o bom ornato da capella o fazerse Retabolo que cubra todo o vão da parede do Altar-mór, que certo he inconueniente grande faltar a insígnia do milagre do Caualeiro, & veado como Imagem da Senhora”; realização de primeiro grande arroteamento do matagal das cercanias do Santuário, segundo Brito Alão, o Sítio é rodeado de “mattas, & brenhas intrataueis, & não vistas”; A povoação só viria a desenvolver-se graças ao esforço inicial do Padre Manuel de Brito Elão, administrador nomeado nesse ano, e da confraria, e graças ao apoio dos Filipes, o que obriga os moradores a reconhecerem por sua senhoria, a casa da Senhora da Nazaré e não o Mosteiro.

1609 – Visita do chantre Manuel Severim de Faria, que pernoita nas casas para hóspedes em frente da igreja “nobremente edificadas”.

1616, 28 de julho – A partir do Regimento da casa da confraria, seria fomentado o povoamento do Sítio; provisão régia de D. Filipe II dirigida ao desembargador Jerónimo do Souto diz que “na obra do corpo da igreja se não bolirá por ora por ser necessário aver primeiro pera ella dinheiro junto e materiais que de presente não há e como a igreja esttá repairada pera poder sustentar-se asi por vinte anos (…)”, os dinheiros devem ser canalizados para outras remodelações; o administrador Manuel de Brito Alão responsabiliza-se pela reforma da capela-mor; após a sua conclusão não há intenção de prosseguir as obras conforme a provisão régia ao desembargador Jerónimo do Souto; D. Filipe II ordena a demarcação do Sítio com “marcos altos” e a cedência do terreno para habitações, cultivo e enobrecimento do Sítio, autorizando que a Casa o administrasse em seu nome, como única condição estipula apenas que as habitações não se encostassem aos muros e cerca do templo da Senhora.

1623 – D. Filipe III “pera correr com as obras que há muito tempo estão de quedo”, manda a Jerónimo do Souto fazer esforços para executar as dívidas da Casa.

1625, 22 de agosto – O velho alpendre “já estava caindo”, sendo necessário fazer-se de novo; naquela data D. Filipe III manda avançar com a obra “(…) por se começar tarde a ditta obra vos pareçia não deviés derrubar a igreja e somente nestes dois mezes seguintes preparar e lavrar a pedraria pera os portais, frestas, e cunhais porque estando tudo assim preparado se poderia derrubar em março pera se começar a obra nélla”; a cerimónia de lançamento da primeira pedra é presidida pelo Arcediago de Braga, Manuel de Brito de Almeida, e com a presença do arquiteto régio Luís de Frias; problemas administrativos da Casa impedem o rápido andamento dos trabalhos.

1626, Primavera – só então se avança para a reconstrução do corpo da igreja, destruindo-se a nave antiga, e alterando a sua orientação para leste, com planta do arquiteto Luís de Frias (19$000).

1628 – Publicação do livro “Antiguidade da Sagrada Imagem de Nossa Senhora da Nazaré”, do Pe. Manuel de Brito Alão, sacerdote que de 1608 a 1618 foi administrador do Santuário e da Casa de Nossa Senhora da Nazaré.

1628 – O Sítio, rodeado de mar, areias, pinhal e de alguns terrenos de cultivo, é apenas um pequeno aglomerado, com “sete cazais com suas famílias, hum ferreiro, hum tendeiro, & os mais vendeiros que dam de comer e agasalham os romeiros”.

1635, 9 de janeiro – Substituição do velho retábulo por um outro, provavelmente com iconografia do milagre de D. Fuas.

1636 – Conclusão da transformação da Igreja.

1638 – Breve de Urbano VIII concede indulgências, por sete anos.

1642 – Durante as obras da Igreja, destrói-se a casa com fresta onde os peregrinos lançavam as ofertas; a imagem já está num nicho, por baixo do sacrário, num outro “sacrário fechado com quatro vidraças cristalinas”, dourado e com um retábulo.

1648 – Fora do pátio a povoação tem já um conjunto assinalável de casas, pertencentes a cerca de 14 agregados familiares; Na segunda metade deste século, continua a crescer a comunidade envolvente do santuário e são criadas condições de alojamento aos peregrinos e visitantes.

1660/1661 – Há a casa das mortalhas, junto ao altar-mor, celeiro e armazéns, onde se armazenam os materiais para as obras.

1664, 5 de agosto – Mesa solicita ao rei o envio de mestres e arquitetos para estudarem as alterações possíveis na estrutura do arco da capela-mor; defendem a necessidade de se “abrir mães alto e mães largo o arco da capella mor correspondente a igreja nova para que milhor se veja a obra da charola que dentro se obrou em que a Santa Imagem está recolhida”; 2 de setembro – alvará ordena ao desembargador António da Silva e Sousa que visite a Casa e avalie o problema; fazem-se vários estudos.

1666 – Confraria pede ao rei para se fazer feira franca no dia da festa.

1672 – Trabalha no arco da capela-mor o mestre Vicente Francisco.

1678, 1 de agosto – provedor da comarca recomenda aos mesários “muito por serviço de Nossa Senhora, ponham em grande cudado o fazerem as obras de que necessita a Casa, asy para aumento della, como por não desmayar em parte a devoção das pessoas que para este efeito dão as suas esmolas, evitando-sse por este meyo o clamor, e queixa geral que há sobre se não fazerem, e mais havendo dinheiro par se continuarem, em que se mostra o pouco zello dos mordomos, aos quais encarrego que logo sem demora alguma mandem por as obras em pregão e em primeiro lugar o arco da capella mor que será fechado com grade de ferro, azellejada a igreja toda, e dourada a charola (…) fechando-sse outros o campanário”.

1680, 3 de maio – No dia da “invessão da Crus” muda-se provisoriamente a Senhora da Nazaré para o trono que se fez à porta principal da Igreja e principiam-se as obras da capela-mor.

1681 – Obras na fonte nova, púlpito e lajeado da igreja pelo arquiteto António Rodrigues de Carvalho; colocação na sacristia, do tempo de Afonso V, das pinturas de Luís de Almeida.

1682 – Embora o Sítio crescesse em casario e habitantes em torno do Santuário e das romarias, ainda não havia nenhuma habitação na Praia da Nazaré – há cerca de 330 anos. A Lagoa da Pederneira que inundava os campos da Cela, Valado de Frades, até à Maiorga e circundava toda a encosta da Pederneira tinha começado a ficar seca, em virtude do assoreamento dos seus terrenos.

1683 – Novas grades para cerrar a capela-mor; para facilitar o acesso sacerdotal à capela-mor, cria-se ligação direta entre esta e a sacristia; os arcos são feitos com pedra de Porto de Mós; a capela é ornamentada com pinturas régias e de milagres da Senhora; início do trabalho da tribuna do altar-mor, pelo entalhador Manuel Garcia, e a continuação das obras de pedreiro por António Rodrigues.

1684, 21 de junho – Provisão régia para se mandar executar as dívidas do Santuário.

1691 – Conclusão das obras, passando a Igreja a ter planta em cruz; o transepto tem dois altares, e portas laterais de acesso ao “claustro” e casas de apoio; 14 de setembro – transladação da Imagem para o trono da capela-mor, havendo dos dois lados do altar “duas pequenas escadas que davam serventia a quem queria hir beijar a Senhora”.

1694 – Estabelecimento de açougue no Sítio, que é já “quase tamanho ou maior do que a villa da Pederneira”.

Séc. XVIII – A povoação do Sítio cresce cada vez mais para Norte, levando ao arroteamento da Coutada da Légua; este crescimento descontrolado coloca em risco a povoação, visto que a redução de espaços verdes provoca o avanço das areias sobre o Sítio.

1709 – Colocação nos braços do transepto dos painéis de azulejos holandeses, de Willem Van der Klöet, que custaram 610$079.

1714 – Feitura dos azulejos dos corredores da sacristia e escadas de acesso à tribuna, atribuídos a António Oliveira Bernardes, e colocados por Manuel Borges.

1717 – Obras na frontaria do templo e construção das torres sineiras.

1726, novembro – Arrematação da obra das casas do reitor, a construir sobre as ruínas das casas de romagem, no pátio, pelos pedreiros Francisco Gomes e Manuel da Silva Coelho.

1732 – Lavrada a constituição da Confraria de Nossa Senhora de Nazaré da Prata Grande (aprovado em 1741) organizando dezassete freguesias da região, treze do Concelho de Mafra, três do de Sintra e uma de Torres Vedras naquele que é ainda hoje o principal círio português de Nazaré. O Círio da Prata Grande continua a ser celebrado com grande empenho festivo pelas populações locais, a quem cabe, por um ano, guardar a Imagem da Senhora peregrina. Excerto do livro do compromisso: ““Havendo muitas e devotas imagenns de Maria Santissima em que a mesma Senhora com prodigios excita o relegiozo zello de seos devotos para lhe trebutarem cultos, entre todas mereçeo sempre espeçial veneração a da Senhora com o titulo de Nazereth, cita na Perderneira, pois com elle se empenha mais em favorecer-nos, e asim por mais que o Demonio como inimigo das nossas almas pertende-se introduzir com as suas diabolicas astuçias em nossos corações o esqueçimento para que nas tribulações nos não valessemos daquelle patrocinio, o não pode conseguir. (…) Toca esta oubrigação a cada huma das freguezias unidas pasado o circulo de dezasete annos por serem outras tantas as Parrochias em que se clauzura esta duração tendo entre ellas o primeiro lugar a da Igreja nova cabeça e instituidora desta confraria donde se comunicou ás mais; agregando se lhe em segundo lugar a de Mafra, depois Santo Izidoro; dahi monte lavar querendo concorrer com a mesma união passado pouco tempo Cheleiros, São Domingos da fanga da fé, Eriçeira, e Nossa Senhora do Porto; com São Pedro da Cadeira que foi a ultima; A estas freguezias memsionadas se ajuntarão a de São Miguel de Alcainsa, Terrugem e São João das Lampas e N. Senhora da oliveira do Sobral, e pouco depois a todas, Santo Estevão das Galléz, São Silvestre do Gradil, a Azoeira, ocupando finalmente o ultimo lugar da Enchara do Bispo, as quaes todas se achão existentes, e fervorozas e nellas se hade fazer o giro de tal sorte que pasados os dezaseis annos torne aquella mesma donde no primeiro anno tinhâ sahydo, principiando em este de mil e setecentos e trinta e dois no qual se dá a luz este comprimisso… “». Nos dias de hoje, este Círio percorre as seguintes localidades: Montelavar, Cheleiros, Encarnação, São Pedro da Cadeira, Ericeira, Carvoeira, Alcainça, Terrugem, São João das Lampas, Sobral da Abelheira, Santo Estevão das Galés, Gradil, Azueira, Enxara do Bispo, Igreja Nova, Mafra e Santo Isidoro.

1736 – Colocação do relógio entre as torres.

1737 – Mandam-se fazer novas lâmpadas em prata para a capela-mor e corredor da sacristia ao ourives de Lisboa, José de Carvalho; referência à casa dos pesos, com balança para pesagem dos romeiros e oferecerem o seu peso em cereais ou cera à Virgem.

1740 (década) – Para tentar resolver o problema do assoreamento, é construída uma muralha de proteção.

1744 – Criação da parte Norte do Santuário de “huma rua de logeas de taboado, cobertas”.

1745 – Referência à casa da cera.

1747 – Com o fim da vinda do Círio de Coimbra, termina a feira a 15 de agosto, porque os outros círios mudam a data da peregrinação; na segunda metade do século dezoito existem 27 lojas à volta do Santuário, que os comerciantes ocupam sob renda à Confraria.

1750 – Conclusão da construção de muralha para deter o avanço das areias sobre o Santuário (12 mil cruzados); abertura da atual porta da sacristia, fechando-se a existente (onde hoje estão as duas janelas sobrepostas), e das duas janelas novas; feitura de novos portais, com madeira vinda da Vieira; queda de um raio na torre norte destruindo-a e quebrando todos os sinos.

1751 – A confraria manda vir de Peniche o vedor Manuel Francisco Artilheiro para sondar e opinar sobre o local onde se encontrar água no Sítio, devido à sua falta; início dos trabalhos e escavação e abertura de valas, fazendo-se de novo a Fonte Nova, onde se gastou muito dinheiro, perfurando a couraça para colocar a dita fonte dentro da muralha; dirigiu os trabalhos o mestre António Alves.

1752, 28 de abril – Início da construção da Fonte Nova, dentro da muralha.

1754 – Encomenda de quatro bancos de moscóvia a João Carvalho Albernás, de Lisboa.

1755, 4 de setembro – Provisão régia autorizando haver no Sítio açougue; 1 de novembro – o terramoto foi bastante forte no Sítio da Nazaré, causando o pânico entre a população, que “attonitos, e atemorizados (…) fugirão de suas casas, e por muitos tempos estiverão abarracados no terreiro, e campos vizinhos”; Decide-se festejar anualmente São Francisco de Borja, por se ter escapado do terramoto.

1756 – Desaparecimento da tribuna e maquineta grande; encomenda da feitura das credencias da capela-mor, trono e tribuna da capela-mor e os quatro altares do corpo da igreja e os dois púlpitos e dois altares do cruzeiro, ao entalhador Paulo de Almeida Nazaré, do Sítio (4000 cruzados); colocação de cruz sobre o arco do pátio; 11 Julho – conclusão das cómodas da sacristia, tendo em cima oito pirâmides.

1757 – Conclusão dos gavetões da sacristia; grandes obras na fonte, sob a direção de Bernardo Carvalho Belo, do Sítio; compra de 36 castiçais para o trono, prateados, sendo 18 para o sepulcro do Senhor.

1758, 30 de setembro – Rei D. José I cria coro com os dois capelães e os padres de fora; feitura do coro para os frades e mudança do órgão do coro-alto para a capela-mor pelo carpinteiro Francisco Rodrigues, sob a direção de Paulo Almeida da Nazaré (havia dois órgãos); feitura dos armários dos padres do coro; risco e execução da obra do xadrez da capela-mor por Francisco da Silva Coelho, de Alcobaça; transferência da mesa dos mordomos da Igreja para a casa dos círios; douramento da talha da pedraria da capela-mor, cruzeiro, zimbório e arcos, e limpeza do ouro da charola da Senhora, retábulo-mor, etc., pelo pintor José Carlos, de Coimbra.

1759 – Colocação dos painéis dos milagres da Senhora na casa do despacho, onde se arma a casa dos mordomos por ordem do rei; vinda de madeira de Flandres e do Brasil para a obra dos retábulos; ajuste de pintura e douramento da igreja a Bento de Miranda Torres, de Coimbra (1000$000); feitura dos passadiços da igreja para uma casa junto, por Gregório Henriques, da Castanheira; feitura de 86 florões para o teto da igreja, por Paulo Almeida Salazar; enquanto decorriam obras na capela-mor, o coro dos padres fica ao pé da porta principal, aí rezando os capelões; arranque de todos os azulejos da igreja, que é estucada de branco; remoção dos dois retábulos das capelas laterais para o transepto, colocação dos dois púlpitos no arco do cruzeiro, estando já lá as grades do cruzeiro; remoção do lavabo da sacristia para assento do arcaz; voltam-se a fazer grandes obras na Fonte Nova e faz-se o poço (Poção) pegado à mesma, tendo-se intimado mais de 1000 pessoas para ali irem trabalhar; execução do muro do Penedo do Cavaleiro.

1760 – Aquisição do Santo Lenho por intermédio de D. Fernando, cardeal Patriarca de Lisboa; abertura de duas janelas onde estavam as portas travessas e de novas portas travessas por Gregório Henriques; feitura das armas do alpendre da porta principal, por Gregório Henriques; 27 setembro – está pronta a obra do entalhador Paulo Almeida Nazaré; 4 de Outubro – Bento de Miranda Torres tem concluído o douramento das 80 alcachofras do teto da igreja, os dois painéis sobre as credencias do altar-mor e as urnas dos quatro altares novos, finge de mármore as colunas das duas tribunas e pinta as banquetas nos dois altares colaterais (120$000); colocação do lavabo no corredor; Neste ano só havia na Praia 15 casas e no Sítio havia 30, sendo as mais antigas o palácio ou paços.

1761, 2 de março – Data do regulamento do coro; dispensa dos padres da Colegiada de irem à procissão do Corpo de Deus à Pederneira, por o fazerem no Sítio, ser longe, haver calor e areias; feitura de dois bancos para a capela-mor.

1762 – O Sítio aglomera-se em torno das suas principais artérias de comunicação e do terreiro; a estrada principal estende-se desde a Buzina até às casas de José Lourenço, rodeada de mais de 37 moradias e propriedades, de um lado e de outro da via; aí se localizam estrebarias, casas de pescadores, barbearias, oficinas de ourives e até casas “que costumão servir de taverna”; paralela a esta, há a rua da fonte, em direcção ao terreiro, onde existem as casas do cirurgião João José de Magalhães e do boticário Manuel de Almeida; a Rua de João de Castro canaliza também a sua saída para o rossio ou terreiro; nesta existem estrebarias, oficinas de sapateiros, moradias de pescadores e várias lojas particulares; em torno do terreiro, localizam-se três grandes conjuntos habitacionais: um na área virada a norte, outro a oeste, para a parte da muralha e do açougue, e o terceiro para Este; neste último situam-se importantes lojas, entre as quais a do boticário José da Silva e, pelo menos, uma habitação de dois andares, propriedade de José Duarte Ferreira Barbuda, mordomo da confraria; há ainda o Suberco, na direção da praia, com casas térreas e dispensas; por último, para a parte norte do Sítio, a Rua da Estopa, com algumas estrebarias e casa de negócio; Breve de Roma agrega a Confraria à de São João de Latrão, com obrigação de se cantarem 4 missas: São João Evangelista, Corpo de Deus, São João Baptista e Assunção; 15 de março – confirmação real da doação de capelas instituídas pelo reitor Tavares.

1767, 7 de fevereiro – Decreto do novo regulamento do coro.

1770, 9 de março – Queda de um raio na torre, partindo sino, torre, portas e os vidros da igreja; feitura de armário para os livros do coro no corredor da sacristia; 3 de dezembro – alvará do príncipe regente autoriza peditórios para as obras por mais 4 anos; afixação de azulejos com números, vindos das Caldas e lá feitos por Francisco José, em todas as propriedades do Sítio.

1771 – Concessão de várias indulgências a quem assistir à novena da festa do orago da igreja a 5 de agosto.

1772 – Licença para ter o Santíssimo na capela durante agosto e setembro; é privilegiado o altar de Santa Ana; obtenção de breves de indulgências e certas faculdades para os confessores e altar privilegiado, celebrando-se pelos defuntos; queda de um raio na torre; os alpendres estão em estado lastimável e escorados.

1774 – Fundição de dois sinos.

1777/1778 – Obra do armazém, pelo mestre Paulo de Almeida Nazaré.

1778, abril – Misericórdia empresta a imagem de Cristo para os Passos da Quaresma; Agosto – conclusão do atual trono da capela-mor pelos entalhadores Bento de Almeida Nazaré e Paulo de Almeida Nazaré (300$000); obra da abóbada da capela-mor e faz-se o casulo (?) para o Sacramento.

1780 – Douramento do casulo para o sacramento.

1780 – Existiam na Praia da Nazaré cerca de 50 cabanas de madeira, construídas sobretudo pelos homens do mar de Ílhavo, para guardarem os seus apetrechos de pesca. Devido aos ataques dos piratas à nossa costa, sobretudo mouros do Norte de África, estes dormiam no Sítio e na Pederneira.

1781 – Feitura de coroas para as imagens de Nossa Senhora e do Menino uma outra coroa e um resplendor pelo ourives da Casa Real, João Paulo da Silva (458$280), ornadas com 14 quilates e 1/4 de diamantes, tendo a rainha D. Amélia entregue para tal 7 quilates em grandes diamantes; D. Tomás de Almeida, administrador da Casa, fixa o 8 de setembro para a festividade, dia em que teria ocorrido o milagre de D. Fuas, e não a 5 de agosto, como se fazia desde 1377; execução de nova casa para receber os círios, sob a direção do pedreiro Francisco de Matos, de Alcobaça; arrematação da obra da casa nova para distribuição das medidas pelo pedreiro Francisco Correia e carpinteiro José da Silva Monteiro; feitura dos novos confessionários.

1782 – Vinda do rei D. Pedro III e altas personagens à Nazaré; compra de banqueta rica, cruzes, ornamentos e um sacrário, feito por João de Reis, de Alcobaça (5$920); Festa da N. Senhora passa a realizar-se a 8 de Setembro e não a 5 de Agosto, como vinha sendo hábito desde 1377, «e que a festa tenha vésperas cantadas e se faça tudo com o maior esplendor», segundo ordena o administrador da Casa da Nazaré, pois até então só se cantava a missa no coro.

1783 – Mandam-se cunhar 1100 medalhas de Nossa Senhora em prata.

1784 – Já está na sacristia o Menino Jesus.

1786 – Referência à Confraria de São Sebastião, na Igreja.

1787 – Apesar da ordem dada para a Festa de Nossa Senhora se fazer a 8 de setembro, neste ano continuam a fazer-se, ainda, em 5 de agosto.

1788 – Demolição da casa para distribuição de medidas.

1789 – Compra de um quintal murado com poço de água nativa, dentro do Sítio (o Poço da Cera) para benefício da Casa e principalmente de todo o povo do Sítio e sobretudo dos romeiros por haver necessidade de água, sobretudo no Verão, por 70$000, a José Luís Carepa.

1790 – Feitura das lojas encostadas à casa do despacho.

1792 – Compra de uma custódia nova, entregando a velha e uma cruz nova de prata, para as procissões, e duas lanternas e ciriais de prata novos; vem de Londres um relógio de parede com caixa de madeira para a sacristia (5$00).

1798 – Compra de um diadema de prata para a Senhora da Soledade da sacristia; pintura e douramento dos dois altares colaterais.

Séc. XIX – Aumento da população e desenvolvimento económico, relacionado com a atividade piscatória; pescadores de Ílhavo, Buarcos, Quiaios, Aveiro e Lavos deslocam-se para a Nazaré.

1801 – Existência da imagem do Senhor do Horto e de São Sebastião; na capela-mor há três altares, o principal e dois laterais e, em frente do altar de São José, há uma sepultura; remoção do órgão grande do coro, dado por Silvério da Silva, de Alcobaça, e sua colocação na capela-mor; desmanche das duas ordens de assentos do coro.

1803 – Primeira referência à festa a 8 de setembro, mas sem deixar de se fazer a do Orago, a 5 de agosto; desmancho da casa dos pesos; «Pela primeira vez se faz referência à festa do dia 8 de Setembro, havendo missa cantada e sermão, mas sem deixar de continuar a 5 de agosto, orago da igreja» (em 1825 ainda é a 5 de agosto); Desmancho da casa dos pesos.

1806 – Pintura e douramento do trono da igreja.

1807 – Pintura e douramento do teto da igreja e florões.

1807 – Com as Invasões Francesas, a Igreja da Nossa Senhora da Nazaré foi saqueada e foram queimados barcos e casas.

1808, 11 de março – Ainda as Invasões Francesas. Preparam-se as pratas da igreja para irem para Alcobaça, onde são encaixotadas; franceses vandalizam e roubam a igreja, nomeadamente a coroa da Senhora oferecida pela rainha, mulher de D. José, que havia custado 40.000 cruzados, e partem os órgãos; alguns objetos são restituídos por pessoas que os compram em Alcobaça, Peniche e Pederneira; 16 de julho – Levanta-se o povo do Sítio contra os franceses, que foram cercados no forte, havendo luta nas ruas.

1811 – Muito património da Casa da Nazaré é destruído e roubado pelas tropas francesas, havendo menção de mais de mil mortos no Sítio e Pederneira durante a II Invasão; e a 4 de Outubro deste ano, o arquivo e a Imagem de Nossa Senhora são transportados para Queluz pelo mordomo Pe. António Baptista Belo de Carvalho.

1812 – A 6 de Setembro regressa a Imagem ao Sítio.

1815 – Pintura e douramento do órgão por Martinho da Fonseca, de Alcobaça; ciclone derruba a cruz do cruzeiro; douramento do berço do Menino Jesus; transferência da mesa da Irmandade da igreja para a casa das medidas; Durante a 2ª invasão francesa morreram no Sítio e Pederneira mais de 1000 pessoas; criação no Sítio de mercado, que prejudica o de Alcobaça.

1816 – Feito o passeio com o nome de Mirante, onde iam os principais da terra passar às tardes.

1817 – Duques de Cadaval oferecem imagem de Nossa Senhora em prata e a condessa da Lapa um anel de brilhantes.

1818 – Aquisição de uma maquineta para o Menino Jesus; estreia-se a casa das medidas; Continuação da obra do passeio.

1819 – Compra de uma pombinha de prata para o berço do Menino Jesus.

1823 – Colocação de sineta na torre e um cofre de prata para depósito (52$000).

1825 – A pedido do Dr. Joaquim António de Sousa, começa a funcionar o correio, que vinha de Alcobaça para o Sítio duas vezes por semana.

1826 – Compra de uma sineta (18$000).

1827 – Foi criada a Real Casa da Nossa Senhora da Nazaré, que mandou construir o Hospital da Nazaré.

1830 – Compra do órgão do coro, em Lisboa, por José Maria de Oliveira, do Sítio (1600$000).

1831, 21 de setembro – Portaria ordena a reposição da mesa da Confraria junto à coluna do lado da Epístola, à entrada da igreja, como estava anteriormente.

1832, 3 de outubro – decreto de D. Miguel passando para o juiz de fora a jurisdição de que goza o provedor de Leiria nesta Casa.

1834 – Douramento da grade da tribuna de Nossa Senhora.

1835 – «Fez-se a festa de Assunção de Nossa Senhora com procissão no dia 15 de Agosto e pela primeira vez se omite a festa chamada do orago, no dia cinco do mesmo mês de Agosto. Esta festividade fazia-se desde 1377, ano e dia em que se fez a trasladação da Imagem de Nossa Senhora da Nazaré da Capela da Memória para o Santuário aqui levantado por ordem de el-Rei D. Fernando. Em substituição dela começaram a fazer, com grande solenidade, a festa da Natividade da Senhora, a 8 de Setembro. Faz-se neste ano a grande instrumental e vozes, com solene procissão e Te Deum».

1838 – Execução de arranjos nas fontes Velha e Rio da Tapada.

1843 – Segundo Salazar havia no Sítio 230 habitantes e 12 casas desabitadas.

1848, 17 de agosto – Início do funcionamento do mercado da Nazaré.

1850, cerca – Primeiro desvio da foz do Alcoa, que vinha desaguar junto ao promontório.

1851, 15 de junho – construção de um poço no Largo da Madeira (atual Praça Sousa Oliveira), para suprir a falta de água da população.

1855 – Extinção do julgado judicial da Pederneira.

1854 – Vinda do arquiteto civil de Leiria, Lucas José dos Santos Pereira, para o estudo e feitura da planta de um novo coro ou prolongamento do existente e colocação do órgão; 11 de maio – apresentação da planta; pintura do teto da igreja e douramento do órgão; mudança e colocação do órgão sob a direção do mestre organista Manuel Joaquim de Almeida Tataco, de Coimbra (129$875).

1861, 13 de junho – Inauguração da capela de Santo António da Nazaré.

1871 – Abertura de uma escola criada pela Mesa da Real da Casa.

1874, setembro – Grande incêndio quase destrói o Sítio.

1876, 21 de outubro – Decreto extingue a Misericórdia da Pederneira.

1880, 2 de agosto – conclusão do douramento da capela-mor, altares do cruzeiro e cúpula ou zimbório; pintura do órgão e coro; 20 de outubro, nascimento de Monsenhor José Jorge Fialho, no lugar de Tojal de Cima, freguesia de S. Pedro de Porto de Mós.

1885 – Colocação de quatro retábulos com santos; escada para o trono e camarim.

1889, 28 de Julho – Benção e inauguração do ascensor, denominado de Nossa Senhora da Nazaré, em homenagem à Virgem protetora da vila, movido a vapor, e com projeto do engenheiro Raul Mesnier de Ponsard.

1890 – Compra de azulejos a J. Luís, em Lisboa e bancos para a sacristia.

1891 – O Ministério das Obras Públicas, a pedido da Real Casa de Nossa Senhora da Nazaré, manda o arquiteto Francisco da Silva Castro executar um projeto para a construção da atual Praça de Touros com lotação para cerca de 5000 espetadores.

1894 – Compra de 6 bancos de mogno no Porto para a igreja (90$000); 1898, 14 novembro – queda de raio na igreja.

1897 – Demarcação do terreno do Rio da Tapada para logradouro público; Demolição das dependências da Misericórdia da Pederneira; Inauguração da nova praça de touros no Sítio, com capacidade para 4500 espetadores, sendo da responsabilidade da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré.

1898, 3 de Junho – Restauração do concelho da Pederneira.

1899 – Feitura do jardim e muros; feitura das tribunas ou do prolongamento do coro (1079$000).

1901 – Construção do paredão ao longo da praia.

1906 – Resolve-se ceder para escola a casa de José António do Carmo; escola oficial só havia na Pederneira para rapazes e uma feminina sustentada pela Casa da Nazaré, no Sítio, dando casa e pagando à professora; representação ao Governo Civil pedindo escolas no Sítio para ambos os sexos.

1907 – 1908 – Construção do atual Teatro Chaby Pinheiro, junto ao Santuário, com projeto de Ernesto Korrodi.

1907 – Início das obras do edifício do posto de socorros a Náufragos da Nazaré.

1911 – A grafia da palavra Nazareth passa a ser Nazaré.

1914 – Aprovação da construção da estrada de acesso ao Sítio, e em 17 de Setembro estava pronto o primeiro troço.

1915 – Círios são impedidos de virem à Nazaré e procuram remover esse óbice.

1916 – Construção do segundo lanço da estrada.

1922 – Temporal causa grandes estragos.

1927 – Inaugurada a eletricidade na Nazaré.

1928 – Existiam 2500 pescadores matriculados e 500 barcos na Nazaré.

1937 – Criação do Patronato com o auxílio de B. Bertha Lopes Monteiro, de Lisboa.

1938, 30 de novembro – Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, Secção de Contribuições e Impostos, isenta a Confraria do pagamento de contribuições prediais dos prédios rústicos e urbanos.

1939 – Construção do padrão evocando a passagem de Vasco da Gama no Sítio.

1946, 2 de maio – Uma faísca na torre norte causa grandes estragos.

1953, 22 de abril – Queda de um raio na torre sul provoca danos nos edifícios anexos; obras e reabertura da casa dos pobres; arranjo das calçadas e dos candeeiros do pátio Salazar.

1957, 20 de fevereiro – Rainha Isabel II, do Reino Unido, visita o Sítio.

1959 – Visita da Princesa Margarida de Inglaterra à Nazaré e ao Sítio.

1962, 4 de março – visita a Nazaré o Cardeal Patriarca Manuel Cerejeira, no âmbito do programa Missão Católica.

1968, 1 de abril – Data da reabertura do ascensor, com novas e melhores condições e características, após acidente 5 anos antes.

1979 – Classificação da Igreja de N. Sra. da Nazaré como imóvel de interesse público.

1982 – Inscrição da Confraria na União das Instituições Particulares de Solidariedade Social.

1984 – Roubo de azulejos no santuário.

1995, janeiro – envio à Comissão Europeia de pedido de apoio a projeto piloto de conservação do Património Arquitetónico Europeu.

1998, 8 de setembro – Inauguração do salão nobre da Confraria.

1999, 8 de setembro – Inauguração do Arquivo Histórico da Confraria.

2001/2002 – Remodelação profunda e modernização do ascensor e dos dois terminais.

2001, 8 de setembro – Inauguração das obras de reordenamento do Largo de Nossa Senhora da Nazaré, no Sítio.

2002, 28 de março – Inauguração da Capela do Santíssimo.

2018, 14 de novembro – O Papa Francisco recebeu, no Vaticano, uma Imagem de Nossa Senhora da Nazaré, pelas mãos de uma delegação conjunta do Município e da Confraria, marcando o arranque do processo de classificação, revitalização e salvaguarda deste Património Imaterial.

2020, 24 a 26 de janeiro – Realiza-se o I Encontro Internacional de Comunidades Devotas de Nossa Senhora da Nazaré, congregando dezenas de representantes de comunidades do mundo lusófono onde esta devoção de mantém viva, estreitando-se laços e trabalhando caminhos em conjunto para salvaguardar esta devoção e as suas manifestações festivas e devocionais.

2020, 1 de fevereiro – Realizou-se, também na Nazaré, o I grande evento científico sobre esta devoção e as suas manifestações devocionais e festivas, Colóquio: O culto de Nossa Senhora da Nazaré: Uma Perspetiva Multidisciplinar, coordenado pelo historiador Pedro Penteado, com investigadores de várias disciplinas e academias.

Fontes:
Santuário da Senhora da Nazaré. Apontamentos para uma cronologia (de 1750 aos nossos dias), Colibri/Santuário, 2002.
Peregrinos da Memória, Pedro Penteado, Lisboa 1998.
Caracterização do Santuário da Nossa Senhora da Nazaré, Paula Noé, SIPA/DGPC, 2014 (http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1538).
Núcleo Urbano da Vila da Nazaré, Isabel Mendonça, Paula Noé, Anouk Costa, SIPA/DGPC , (http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=5960).
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