E porque a vida realmente continua, constituindo as tradições antigas como a do culto da Senhora da Nazaré um sinal poderoso da resiliência humana, de algo maior que a matéria e que a ela sobrevive, a alma de um povo, prossegue o trabalho de revalorização e estudo desta devoção Mariana que na Idade Média nasceu no sítio que se viria a chamar Nazaré. De facto, já começa a dar frutos o rico colóquio multidisciplinar que reuniu na vila portuguesa um conjunto de investigadores de diversas áreas, da história à antropologia, no início deste ano, sob coordenação do historiador e autor Pedro Penteado, que tem prestado um inestimável apoio a esta Candidatura e à sua dinâmica científica.

Desta feita foi o professor e investigador da Universidade de Coimbra Saúl Gomes, um dos participantes no colóquio, que acabou de publicar na revista Anais Leirienses estudos & documentos (de 5 de março) o artigo “A devoção régia a Nossa Senhora da Nazaré nos finais da Idade Média e na abertura de Quinhentos”, um contributo precioso para a história desta devoção. Este ensaio teve como base a comunicação que o historiador, natural desta região Oeste portuguesa, proferiu no referido colóquio e pode ser vista no nosso canal do You Tube (ligação), onde estão todas as comunicações em vídeo. Saúl Gomes concedeu também recentemente uma entrevista ao Jornal de Leiria, que vale bem a pena ler (ligação), onde aborda a questão da valorização destes patrimónios imateriais.

Este artigo foi já acrescentado à nossa pequena biblioteca livre sobre o Culto da Senhora da Nazaré, uma seleção de algumas obras em domínio público que aqui disponibilizamos, por forma a facilitar o acesso à literatura básica do culto (ligação). O colóquio, de resto, dará certamente mais frutos, estando em preparação uma publicação com base nas comunicações do evento, manancial de conhecimento que poderá chegar a um público maior em formato perene e manuseável, assim esta crise pandémica o permita.

Nesta altura de isolamento forçado, ficam estas sugestões de leitura, para conhecermos melhor esta tradição ancestral, que continua a animar de esperança, compaixão e sentido tantos milhares de crentes e não-crentes.