A religiosidade dos povos é reconhecida por muitos como a expressão maior da nossa humanidade. A procura do fim último, da transcendência. E são múltiplas as formas como a exprime, e variados os cultos que lhe vão dando expressão.

O culto de Nossa Senhora da Nazaré inscreve-se nesta matriz profundamente humana, tem raízes seculares numa fé na Senhora, Mãe de todos nós. As lendas que o rodeiam, assim como as variações de práticas religiosas, são manifestações diversas de saberes partilhados através dos tempos, transformados e densificados pelos hábitos, tradições e valores de cada lugar.

Culto unido pelo imenso oceano, expressão de uma relação inquebrável entre mulheres e homens de continentes afastados, que comungam uma mesma fé e por isso, fonte única e insuperável de partilha e solidariedade na construção de um mundo melhor, mais justo, com paz.

Culto, que pela sua dimensão temporal, geográfica e humana, representa um património imaterial da humanidade, único, a preservar, em nome dessa mesma humanidade que queremos cada vez mais consciente da sua herança e da sua missão, mais competente, para construir um futuro comum mais justo, com paz.

Maria do Rosário Carneiro, ex-deputada, assessora principal do Ministério da Educação e docente universitária